por Natália Mourão

 

Foto: Denys Resende

 

Na última sexta do mês de agosto (30/08) ocorreu a nossa já tradicional Afro-Recepção, no Centro de Convivência Negra (CCN), quando vários estudantes e docentes estiveram presentes. Foi com grande atenção e simpatia que recebemos a professora e doutora Renísia Garcia, também coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros, da Universidade de Brasília (NEAB).
Escritora do livro “Tecendo Redes Antirracistas”, publicado em 2019, Garcia salientou que a história aqui, quando não fala sobre pessoas negras, não conta a história do Brasil. Somos parte importante da construção desse país, e o esquecimento não deve fazer parte. Garcia não só abordou o apagamento histórico, como reforçou que somos um grupo político e que devemos lutar por espaço na história, sociedade, direito, na academia e que o autocuidado faz parte deste processo. Mas junto à fala deu-se também gestos, uma vez que nos brindou presenteando 10 exemplares do seu mais novo livro.
O grande evento seguiu-se gracioso, abençoado com falas, samba, roda de capoeira e discotecagem. Momentos como esses são fundamentais para ouvirmos uns aos outros e reforçar a integração, trocar conhecimentos, além de demonstrar apreço por coisas que nos marcam e cercam.

 

Foto: Denys Resende


Foi com muita alegria e samba que Marcelo Café se apresentou; suas músicas únicas e poderosas dadivou-nos de som. Iniciou com “A Revolução é preta”, seguido de “Monalisa Negra”. Suas letras, via de regra, favorecem o empoderamento e o engajamento ao povo negro. Senão, que dizer do trecho “ela vem, ela vem, a revolução é preta, vem sob as águas da história, com seus tambores nagô”?
Sorteios e microfone aberto (momento para intervenção dos/as participantes) deu tom final ao encontro, destacando-se a participação de Walisson Lisboa da Costa, estudante de artes da Universidade de Brasília, o qual apresentou seu trabalho, uma reflexão sobres seu querido Quilombo Mesquita, crítico relativo a religião, poder, opressão cultural. Finalizando, o jovem artista fez uso das palavras de Bia Ferreira, em “Levante a bandeira”:
Quem foi que definiu o certo e o errado
O careta e o descolado
A beleza e o horror
Quem foi que definiu o preto e o branco
O que é mal e o que é santo
O ódio e o amor?
Cada um é dono da sua história
Quantos gigas de memória você separa pra sua dor em?
Haja, sinta, ame do seu jeito
Tenha orgulho no seu peito
Se orgulhe do amor meu bem
Escolha pra sua vida, só aquilo que faz bem
Nunca mude sua cabeça por nada nem por ninguém
Porque afinal de contas, ninguém paga suas contas
Nem lhe dar qualquer vintém
Então ame, e que ninguém se meta no meio
O belo definiu o feio pra se beneficiar
Ame e que ninguém se meta no meio
Por que amar não é feio neguinho, o feio é não amar
Levante a bandeira do amor, neguinho oh oh
Levante a bandeira do amor

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