A tarde do dia 13 de maio foi bem movimentada no Centro de Convivência Negra (CCN). Isto se deu devido a realização da primeira Afro-reunião, reunião geral que integra membros da gestão da Universidade com participantes de coletivos negros e membros da comunidade interna e externa, do ano de 2019.
A participação democrática garantiu a presença de estudantes, técnicos administrativos, professoras/es, bem como a sociedade civil, externa à UnB.. Assim, marcaram presença personagens históricos já reconhecidos na pauta étnico-racial, professores/as como Nelson Inocêncio, Rafael Sânzio, Josefina Serra, Graça Santos, Renata Parreira e Sandra Soares; Susana Xavier, representando a Diretora da Diversidade (DIV/UnB); Bruno Borges, coordenador pedagógico da Gerência de Educação Patrimonial da Secretaria de Educação do Distrito Federal; Manoel Neres, Coordenador da Coordenação Negra (COQUEN/CCN); participantes adultos e jovens do Projeto Afro-cientista do Colégio Centro de Ensino Médio Asa Norte (CEAN), projeto criado pelo Grupo de Estudos e Pesquisa Sobre Políticas, História, Educação e Relações Raciais e Gênero (GEPPHERG) do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da UnB, apoiado pela Associação de Pesquisadores Negros.
Passados os momentos de saudações, encontros e reencontros, passou-se ao primeiro desafio da tarde: uma análise rigorosa da conjuntura atual, o que contribuiu para a explicitação de uma realidade marcada por riscos e anseios. Assim, percebe-se mais que nunca que os direitos conquistados a duras penas pela população negra, agora correm sérios riscos de desaparecimento. Leis fundamentais para a população negra, como a que institui a política de cotas raciais, podem sofrer retrocessos, bem como estão sob ameaças de revogação. Além disso, com os bloqueios no orçamento da União na área da educação, bolsas na pós-graduação, de iniciação científica e até da assistência estudantil correm risco de desaparecimento. Sem falar de recursos básicos de custeio e capital.
Analisando brevemente o contexto histórico do país, não é difícil constatar de que estamos mais uma vez diante de fatos objetivos que escancaram a mentalidade racista e preconceituosa que ainda permeiam o imaginário de diversos segmentos da sociedade brasileira. Isto evidencia que a Lei Caó (Lei 7.716, de 1989) ainda não atingiu seu real objetivo.
Esse quadro situacional acima apresentado exigiu um posicionamento firme e vigoroso dos movimentos negros e da sociedade, traduzindo-se em ações concretas e objetivas a serem levadas à gestão superior: apreciação da atual política étnico-racial da UnB, dar urgência à implantação do plano de direitos humanos da UnB com recorte étnico-racial, tomar providências urgentes em relação à infraestrutura do CCN com vistas de transformá-lo em um centro multidisciplinar de convivência e pesquisa étnico-racial, oficializar e ampliar a parceria do CCN com escolas do ensino médio e fundamental e, por fim, apoiar com mais intensidade o Quilombo e demais coletivos estudantis.